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20 Mar

Disfagia: Um vilão silencioso.

Quando o indivíduo apresenta alguma difculdade de iniciar a deglutição ou sente que os alimentos estão retidos de algum modo no trânsito do alimento até o estômago, ele apresenta disfagia. Esta pode ter como causa aspectos neurológicos, mecânicos, psicogênicos ou por envelhecimento, ocasionando a entrada de alimentos sólidos ou líquidos, incluindo saliva e secreções, na via aérea.

A disfagia está relacionada com consequências importantes como tosse, sufocação ou asfixia. Até situações mais graves como problemas pulmonares derivados da aspiração do alimento, desidratação, desnutrição e perda de peso e sepses, são re­sultados característicos da aspiração decorrente da disfagia. Uma vez presente, a disfagia contribui para aumentar a morbimortalidade dos pacientes, principalmente dos idosos, principal grupo de risco para a doença. Sua incidência pode chegar a 33% nos atendimentos de urgência, e alguns estudos realizados em casas de repouso para idosos tem mostrado que 30 a 40% dos pacientes têm distúrbios de deglutição, resultando em alta incidência de complicações por aspiração.

Diversos fatores interferem na eficiência da deglutição, dentre eles, a consistência do bolo alimentar, o volume de alimento ingerido, a temperatura, a característica ana­tômica dos indivíduos e a integridade dos músculos e nervos envolvidos no processo de deglutição.

É extremamente importante que os profissionais de saúde especializados façam o diagnóstico dos quadros de disfagia, além de definir cuidadosamente a localização da sensação de distúrbio de deglutição. Parte do seu tratamento consiste em alterações na consistência e textura da alimentação, associada a manobras fonoaudiológicas, para fortalecimento dos músculos envolvidos no processo de deglutição. A terapia nutricional deve ser parte da terapêutica para prevenir ou evitar o agravamento dos quadros de desnutrição e aspiração.

A textura tem papel importante para a elaboração das dietas, sendo a consistência ideal para cada paciente determinada, individualmente, pelos fonoaudiólogos. O American Dietetic Association através do National Dysphagia Diet reconheceu e identificou a viscosidade e consistência dos alimentos de maior significância terapêutica para pacientes com disfagia. Os alimentos foram testados, categorizados e definidos em níveis de alimentos, conforme a tabela abaixo:

Normalmente, pacientes disfágicos, não alcançam as suas necessidades nutricionais, por meio da alimentação habitual, mesmo com alterações de textura e consistência. Ainda, cabe salientar que a disfagia é um fator contribuinte para a desnutrição, tendo em vista à baixa qualidade alimentar que o paciente apresenta em decorrência da alteração da consistência dos alimentos. A desnutrição também pode ser um fator contribuinte para o processo disfágico. Afinal, em pacientes gravemente desnutridos, há uma degeneração muscular que engloba, primariamente, os músculos envolvidos no processo de deglutição. Assim, esses pacientes gravemente desnutridos, apresentarão dificuldades para deglutir.

Tendo todo este quadro em vista, a utilização da suplementação nutricional oral que forneça aporte energético e proteico com consistência adequada para os diferentes tipos de disfagia ou a utilização dos espessantes alimentares têm papel fundamental na prevenção e no combate da desnutrição desses pacientes.

Nutª Camila Prim.

Referências:

  • Borghi, R et al. Perfil nutricional de pacientes internados no Brasil: análise de 19.222 pacientes (Estudo BRAINS). Rev Bras Nutr Clin, 2013. 28 (4): 255-63;
  • Pires, EC et al. Alimentos na consistência líquida e deglutição: uma revisão crítica da literature. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2012. 17(4):482-8;
  • World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines: Disfagia. 2004
  • American Dietetic Association. National Dysphagia Diet: Standardization for Optimal Care. 2002

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